A importância (ou a falta) da mãe em nossas vidas

A importância (ou a falta) da mãe em nossas vidas

É difícil para nós, filhos, termos uma imagem realista de quem é nossa mãe, sempre temos uma tendência a idealizar nossa mãe, e quando nós a idealizamos, não somente ela, mas muitas pessoas a nossa volta e muitos líderes, nós idealizamos aquela pessoa sobre ela mesma, nós criamos muitas vezes expectativas e uma situação irreal sobre ela.

Sempre temos uma tendência a idealizar nossa mãe.

Uma pessoa em um certo dia me disse a seguinte frase: “como dizia Froid, tudo é culpa da mãe, mas é um ser fundamental para o equilíbrio da construção dos filhos”. Por meio desta frase, quero dizer que ninguém vem ao mundo se não for pela mulher, pela mãe, então somente neste aspecto, ela merece um grande lugar em nosso coração e merece nossa honra também. Porém, muitas vezes idealizamos uma pessoa na nossa mãe, um estereótipo ou um padrão que muitas vezes não é verídico, e quando ela não corresponde às nossas expectativas, começa um movimento de você querer se afastar dela. Quando nos afastamos da nossa mãe, acabamos criando nela uma imagem que nós queremos que ela seja, e não que de fato ela está sendo, é uma postura infantil que todos nós experimentamos em algum momento da vida, e o grande problema que vemos aqui, é que diversas pessoas ficam presas nessa exigência relacionada a mãe, sem se dar conta, que a imagem que projetamos nela não existe, é mesmo até impossível de ser realizada muitas vezes, pois colocamos uma expectativa tão grande, uma postura tão irreal do que o ser humano pode ser, aquelas questão do “minha mãe é minha heroína”, que nós se frustramos muitas vezes, com isso, você passa a cobrar algo da sua mãe que ela não pode te dar.

Quando você já é adulto e olha para sua mãe e faz exigências que ela não é capaz de atender, você está infantilizado, e o estar infantilizado é não enxergar a totalidade da sua mãe, não enxergar que ela é um ser humano e também tem suas questões e traumas, e muitas vezes esses traumas que nossa mãe tem, é uma dor somente dela, e quem somos nós para exigir que ela olhe para os conflitos? Quem somos nós para cobrarmos da nossa mãe uma evolução? Sistemicamente você não tem o direito de fazer isso em nenhum momento da sua vida, quanto mais você exige, mais você se emaranha com sua mãe.

Nossa mãe acertou muitas vezes, mas também errou muitas vezes, ela acertou e vai acertar muitas vezes, e também errou e vai errar muitas vezes sem aquela questão do “nossa, minha mãe é minha heroína”, e sei que muitas pessoas tem em algum momento a visão de que nossa mãe foi a nossa heroína e que de fato ela seja, mas é enxergar que nossa mãe também tem seus defeitos, enxergar que ela também tem as questões dela, e quanto mais você está de bem com sua mãe, fazendo as pazes com ela dentro de você, é o que mais importa.

Talvez você não tenha mais sua mãe, talvez você não tenha mais a oportunidade de contar com sua mãe, mas sua mãe já fez o necessário para você, ela te deu a vida, assim como algum homem também.

Outra pessoa também comentou comigo, dizendo: “ela fez o que achou que seria certo, se errou foi tentando acertar”. Eu acredito nessa frase uns 98%, pois dificilmente alguém faz algo pensando em errar, talvez não seja a melhor estratégia, mas dificilmente alguém faz algo pensando em errar, sempre tentamos fazer algo para dar certo.

Outra pessoa comenta também: “dói aceitar que não sou e nunca fui prioridade da minha mãe”. Essa talvez seja uma percepção sua, não que de fato ela seja verdadeira, ou talvez a sua mãe não estava pronta para isso, a vida trouxe a ela situações que ela não soube lidar, assim como nós, filhos, profissionais e adultos também vamos encontrar muitas situações da nossa vida ou que estamos encontrando, que nós não queremos olhar agora, tem situações que dizemos: “depois eu vejo isso”, “está dolorido demais” ou “um dia eu resolvo”. Se nós temos esse direito, por qual motivo nossa mãe não tem? Se inicia por aí a questão do emaranhado.

O que é estar de bem com nossa mãe?

O Hellinger que é criador das Constelações Familiares, diz que estar de bem com nossa mãe, é estar de bem de fato com a nossa vida, pois foi ela quem nos trouxe. Ele diz muito que a forma de como nós tratamos a nossa mãe, é a forma de como nós tratamos a nossa própria vida. Essa percepção tem um sentido muito especial se nós olharmos para nossa mãe como a porta de entrada para o mundo, pois ninguém vem ao mundo a não ser pela mãe, mas tem pessoas que vão dizer: “mas fui adotado”, você veio de uma mãe, “mas eu fertilizei”, veio por uma mulher, por uma mãe. Somente por isso, vocês mulheres, vocês são o centro do universo. Imagine se todas as mulheres que existem na terra resolvessem não ter mais filhos, o que isso significa? Significa que o mundo tem data para acabar, pois todo mundo sabe que vai morrer um dia, então é a mulher que renova o mundo, é através dela que você vem, é a porta de entrada da vida.

Cada um tem sua história, cada um traz aquilo que um sistema familiar também influencia em você, quando falamos influencia, não significa que determina. Onde você nasceu, você não tem responsabilidade, mas onde você vai morrer, a responsabilidade é toda sua. Se você em algum momento da vida, resolver assumir a vida adulta, se você ficar infantilizado, possivelmente você vai nascer, viver e vai estar no leito de morte morrendo e reclamando da sua mãe, reclamando de onde você viveu, culpando a tudo e a todos sem assumir a auto responsabilidade.

Somente por estes motivos, a mulher deveria ser mais valorizada, a própria mulher já precisaria olhar para si e não precisaria realizar tantos movimentos contra a masculinidade, contra o homem, não que não tenha que combater algumas coisas cretinas que ocorrem, mas somente por isso, a mulher já é o centro do universo.

Simbolicamente a mãe eo pai, mas de uma forma mais especial a mãe, estão ligados intimamente ao que liga a força da vida, pois através deles, que nós podemos vivenciar primeiramente a nossa existência. O homem é 50% e a mulher é 50% na responsabilidade de um filho, então nós temos o DNA de 50% do pai e 50% da mãe, se formos considerar que no começo da vida a mãe se torna a pessoa mais importante do filho, não é o pai seja dispensável, mas entre pai e mãe é a mulher que é acionada, tanto que o filho, pelo menos nos seus dois, três primeiros anos, ele enxerga o mundo basicamente pelo olhar da mãe.

O conflito e o amar demais sua mãe pode te emaranhar com ela.

Pai e mãe são essenciais na vida, mas a mulher é mais, na divisão das tarefas, na responsabilidade, mas não diria que isso é uma responsabilidade, isso é um dom, é algo mágico, algo divino, a mulher colocar nove meses um filho que sai do tamanho de uma bactéria e vem crescendo em nove meses, e tem 50 cm dentro da barriga dela. Se olhassem para essa questão, para o feminino mesmo, o mundo poderia ser muito melhor, o mundo pode ser melhor através também disso que estamos falando.

Pai e mãe são essenciais na vida.

O que ocorre quando exigimos algo da nossa mãe? Será que nós nos colocamos para receber tudo o que a vida tem para nos dar? Exigindo que ela traga realizações para nós ao invés de construir e conquistar? Nessa postura como crianças, nós temos pouquíssimas chances de amadurecer e vivenciar a plenitude da vida, plenitude não significa calmaria, não significa beleza, plenitude significa usufruir de tudo o que o universo nos traz e tudo o que a gente cria nessa vida. Nessa postura, nós temos pouquíssimas chances de crescer, quando estamos exigindo algo demais da nossa mãe. Podemos perceber também nessa postura, que nós estamos indisponíveis para receber o que nossa mãe tem a oferecer, quando você está exigindo demais, você quer que sua mãe seja do jeito que você é, quando você exige mais, você quer que sua mãe seja do jeito que você quer.

Lembrando que uma vez que você começa a exigir demais da sua mãe, dificilmente você vai aceitar o mundo, e não aceitar o mundo é não aceitar um monte de coisa, é não conseguir se relacionar com as pessoas, é ir atrás de doce o tempo todo, pois a doçura da vida vem através da mãe, a pessoa viciada em doce, é a pessoa que em determinado momento da vida, em um momento de carência, pega doce horrorosamente. Pode ser um indício de que alguma ligação com essa mãe, precisa ser feita novamente.

Tem uma frase do Hellinger que diz assim: “alguns filhos são incapazes de receber pois estão ocupados demais exigindo”. Então quanto mais você exige, mais é difícil para você compreender a forma que sua mãe aceita você, a forma que sua mãe te ama, independente se sua mãe te surrou, independente se sua mãe te abandonou, existe amor nessa relação de mãe para filho, sempre. Pode ser um amor diferente do que você conhece, mas sempre tem.

Como citei no começo, as nossas mães são mulheres comuns, com dificuldades e com seus aprendizados também, assim como nós temos nossas questões que nos desafiam, elas também tem e muitas vezes nós não aceitamos, pois nós falamos: “ah, minha mãe é uma pessoa muito difícil”, mas e você é uma pessoa fácil? Tem crise, vai devagar, pois talvez você também não seja flor que se cheire.

Para alguns filhos é muito pesado ter uma mãe difícil e como isso pode ser difícil de lidar, então, um conselho importante para você, é que se liberte do julgamento e olhe para seu pai e para sua mãe com o amor que você pode dar.

Talvez você não consiga conviver com sua mãe, e quantos de nós não tiveram um relacionamento melhorado com a própria mãe depois que casou, depois que teve filho ou depois que saiu da casa da sua mãe.

Ainda que seja difícil olhar para nossos pais com carinho, às vezes digam sim mesmo que em pensamento para eles, tentando enxergar neles aquilo que eles podem nos oferecer, nem tudo é tão bom e nem tudo é tão ruim, não deixe que as coisas que você julgue ruins ou que não atendem a sua necessidade, transpassarem aquilo que você enxerga de bom na sua mãe, aquilo que você vê de virtude nela. Nós temos uma tendência de generalizar as coisas, a pessoa faz milhares de coisas boas para você durante a vida e aí tem uma que não é legal, e a partir daí a pessoa vira alguém péssimo e ruim. Tome cuidado, pois isso pode trazer grandes emaranhamentos para você.

Por que dizer sim para nossos pais? Mais para nossa mãe principalmente. Porque eles permitiram que a vida chegasse até nós, pois se não fosse pela decisão do sim deles, seja o sim do “filho eu te quero”, o sim do “filho eu te desejo”, o sim do “filho você não veio numa hora esperada, mas eu digo sim para você”, “filho eu pensei em abortar você, mas eu desisti no meio do caminho” e isso é dizer sim para a vida.

Cuidado com os nãos que você fala para sua mãe, pois possivelmente houve mais sim do que não da parte dela. Cuidado também com o não que você escuta da sua mãe e acha que é o fim do mundo, pois ele é necessário para seu crescimento e sua mãe disse muito mais sim do que não.

Na maioria dos casos a dor existe não porque não houve amor da mãe para o filho, mas porque ele não veio na medida que você queria e do jeito que você queria, mas pense nas atitudes que ela faz por você, talvez você está querendo esse amor somente de um jeito e ele não está vindo.

Nós podemos dar somente aquilo que nós recebemos, então não queira exigir da sua mãe algo que ela não teve, não queira exigir da sua mãe, uma educação por mais que o mundo mude, quando na raiz dela foi assim que ela aprendeu, então muito cuidado, pois isso pode emaranhar.

Quando falamos de emaranhamentos, tem alguns sinais que conseguimos identificar que você tem com sua mãe, como, por exemplo: quando sua mãe segurou uma traição do seu pai, quando muitas vezes sua mãe segurou abusos morais ou físicos do seu pai para tentar salvar você, pois na visão dela, ela acreditava que era a melhor maneira de você crescer com um lar, e isso pode emaranhar muito na vida adulta, mas como eu já tenho dito, como é na vida adulta, você faz o que você quiser, você pode ser livre. A vida adulta é diferente do filhote que recebe as coisas na boca, tudo mastigado, a vida adulta é você assumir as responsabilidades que essa vida tem e não querer da sua mãe, aquilo que ela não pode te dar, será que você não está sendo um ingrato neste momento? De exigir algo dela que ela nunca teve.

Quando a pessoa tem muita dificuldade de escolher a profissão, quando a pessoa tem dificuldade em parar em algum emprego, quando a pessoa pula de galho em galho, muda o tempo inteiro e tem dificuldade de se encontrar, não tem problema nenhum mudar, tem problema quando você não consegue se encontrar e sofre com isso, se isso ocorre, vale a pena dar uma olhada nesse quesito.

O sucesso está muito ligado a situação com a mãe, a escolha da profissão, a maneira de como você trabalha e lida com as pessoas, o carinho a efetividade está com a mãe, com o feminino, se essas questões te incomodam, procure ajuda, procure um reprogramador.

Sobre as mães adotivas, são lindos movimentos de humanidade, de acolher e nutrir filhos quando os pais biológicos destes filhos por algum motivo, não puderam permanecer no papel de pais. É um movimento muito lindo a adoção, e ele fica mais lindo ainda, quando todas as pessoas são incluídas, quando todas as pessoas tem um lugar de pertencimento.

Cada mãe adotiva que estende aos seus filhos o cuidado e o carinho que ela tem disponível, tudo o que ela tem para dar, dessa forma, permite que um novo vínculo exista mesmo que seja adotivo. Se internamente essas mães se mostrarem incapazes dentro do coração delas de reconhecer também os pais biológicos desses filhos que elas estão criando, que elas adotaram, essa criança ou esse adulto, ele conseguirá encontrar gratidão verdadeira e o caminho pelo cuidado que recebe daqueles que o criaram no lugares daqueles que são seus pais de origem.

Quando você adota um filho, você honra a vida dos pais biológicos desse filho, tudo tem o seu espaço, você tem o seu coração preenchido, pois talvez você não pode ter filhos, então se você não pode ter filhos, qual é o motivo de você não incluir, que seja aquela mãe prostituta, que seja aquela mãe drogada que vive na cracolândia, mas você que não pode ter filhos, é por conta dessa mãe prostituta e drogada que você realizou seu sonho, é por conta disso, por causa de alguém que não estava disponível para um filho, que você agora tem o direito, à alegria e a plenitude de ter um filho para criar e falar: “eu sou mãe”. Todos com seu lugar, todos com seu pertencimento.

Quer entender mais sobre? Entre em contato comigo.

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